domingo, 4 de abril de 2010

O teu brinquedo de "star"...

- Que ninguém sabe do futuro, além das pessoas que dizem ler mãos, ter premonições e coisas do gênero, é fato. Eu tava raciocinando sobre isso hoje de manhã, quando tive um pequeno flashback motivado pelo Kellogg's. Isso mesmo. Tive um pequeno retorno à infância por causa dele. Há tempos que eu não comia um Choco Krispis®, é! Isso aí: "os flocos de arroz com delicioso sabor de chocolate que são fortificados com oito vitaminas e dois minerais, além de cálcio e fósforo, minerais importantes em uma alimentação balanceada, e que deixa o leite das crianças mais gostoso!". Além de comê-lo em casa, ainda tinham aquelas caixinhas pequenas que eu levava para comer na hora do recreio.
O elefantinho marrom do sucrilhos lembrou-me de quando eu não tinha dentes na frente, e dava risada a todo mundo com aqueeela janela! Veio à mente também, a minha franja que me irritava tanto por cair nos meus olhos enquanto eu corria brincando de esconde-esconde, ou quando descia na escorregadeira da escola. Mas, a lembrança que mais me tocou foi: eu sentada no sofá esperando meu pai para amarrar meu tênis. Incrível como eu achava tão complexo fazer aquilo, acreditava ser o mais difícil do mundo. Eis que um belo dia eu consegui, amarrei o tênis sozinha, acho que foi um dos momentos mais legais, de superação.
Naquela época eu nem imaginava quanta coisa estava por vir. Na verdade, eu esperava sim, mas não achava que passaria por tantas coisinhas que me modificariam ao longo do tempo, e nem que o mundo mudaria tanto. Eu tinha uma visão geral acerca do meu futuro. Eu seria pediatra ou astronauta, me formaria na faculdade, depois ia casar, ter dois filhos e morar numa casa. É verdade, eu queria ser astronauta. Adorava olhar as estrelas e estudar sobre os planetas, me encantava com as cores, os tamanhos e ficava me imaginando olhando tudo mais perto.
Me considero uma pessoa feliz por ter sido uma criança de verdade, sem nada de precoce, nada que descaracterizasse o meu conceito de infância. Sempre fui do tipo quieta, que não dava muito trabalho, mas soube aproveitar o meu momento.
Brinquei; pulei elástico; corri; me descabelei; caí; me machuquei; me sujei de tinta; fiz bonequinhos de massa de modelar; dancei todas as coreografias do É O Tchan!; assisti Chiquititas (só as primeiras fases, depois ficou um porre!), Ursinhos Carinhosos, A Caverna do Dragão, Chaves; li A Turma da Mônica; usava xampu Johnson's; tomava Fanta Uva; cantava aquelas musiquinhas "erum casteeelo mal-assombraaado, xixi de rato pra todo lado...", "vamos ver com quem com fulaninha vai se casar: loiro, moreno, careca, cabeludo, rei, capitão..." e outras coisas que não me veem agora para incluir na lista (acho que a minha memória já está quase completa, mesmo com apenas 19 anos e corpinho de 12).
No final da infância, eu não achava que era final, eu não sei bem dizer quando ela começou a ir embora. Não foi com a chegada da responsabilidade, porque isso, eu sempre fui (não é marketing pessoal). Não foi na quinta série, quando eu passei a ter mais "tias" na escola, porque eu dançava o Asejere. Nem no dia que eu menstruei, porque eu tava brincando de bandeirinha na hora. É, eu não sei dizer mesmo... Mas sei que ela se foi, deixando apenas alguns resquícios em mim.
Às vezes penso que a infância não foi embora só para minha geração, foi embora mesmo, para sempre. Olho as menininhas de hoje e vejo miniaturas de mulher. Cheias de maquiagem, roupas da moda adulta, celulares com milhões de recursos, mil perfis no Orkut, Twitter, Facebook e outras redes de relacionamento. O que me assusta não é isso na verdade, mas o comportamento delas mesmo. Tudo é uma questão de status, de ser "star". É muito raro ver crianças respeitando seus pais, quase mandam neles! Já presenciei várias cenas de meninos gritando suas mães, que talvez estejam cheias de dedos por causa do ECA, cedem às suas vontades. Então, com essa inversão de valores atualmente, é muito difícil educar seus filhos. Ainda tem um agravante que são os meios de comunicação que influenciam terrivelmente na formação desses jovens.
Não posso negar que aderi a muitas modas de minha época como usei tererês, tic tac's, aquele colarzinho que parecia tatuagem e outras coisas, mas nada que fosse precoce. Esse mês fui surpreendida com algumas notícias sobre umas tais de "pulseirinhas do sexo". Fiquei horrorizada quando soube que crianças e adolescentes usam esses adereços para conseguir carinhos e outras coisitas mais em troca. A dinâmica funciona assim: existem pulseiras de várias cores e cada uma com um significado; quem conseguir partir uma delas tem o "direito" de conseguir um carinho específico, sendo que pode chegar até o sexo.
Como é que pode? Onde foi parar o bom senso das pessoas? A educação doméstica? As brincadeiras saudáveis? Isso é um absurdo e um verdadeiro retrato da minha suposição: a infância foi extinta. Eu, no meu momento de pura ingenuidade, lá atrás, quando comia Choco Krispis no recreio, jamais ia imaginar uma coisa dessas. Jamais conseguiria vislumbrar um futuro assim, com tantas ausências, com tanta falta de criancice. Eu curtia mais dançar o "Ragatanga"! Ai que saudades do "castelo mal-assombrado com xixi de rato pra todo"...

Um comentário:

  1. adorooo sua visão das coisas!!!
    deu vontade de voltar a ser criança!
    bjo
    Ps.: dancei ragatanga e outras coisas com vc!rsrsrsr

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