quarta-feira, 30 de junho de 2010

Grande Chico

-"Não se afobe, não
Que nada é pra já
O amor não tem pressa
Ele pode esperar em silêncio
Num fundo de armário
Na posta-restante
Milênios, milênios
No ar

E quem sabe, então
O Rio será
Alguma cidade submersa
Os escafandristas virão
Explorar sua casa
Seu quarto, suas coisas
Sua alma, desvãos
Sábios em vão
Tentarão decifrar
O eco de antigas palavras
Fragmentos de cartas, poemas
Mentiras, retratos
Vestígios de estranha civilização

Não se afobe, não
Que nada é pra já
Amores serão sempre amáveis
Futuros amantes, quiçá
Se amarão sem saber
Com o amor que eu um dia
Deixei pra você"

terça-feira, 29 de junho de 2010

ô Ô ô Ô ô

- São 90 minutos de coração disparado por dia, desde o início da Copa. Como é angustiante quando o juiz apita, dando início à partida! A bendita Jabulani fugindo dos pés dos jogadores, voando nas direções erradas. Sem falar  das vuvuzelas, sensação dessa edição do Mundial. Engraçado é ver a animação do povo brasileiro lá na África, na torcida, batucando, bagunçando. Enfim, sendo feliz, sendo brasileiro mesmo. Os africanos já nos adotaram, a compatibilidade do verde e amarelo nas bandeiras, nos aproximou ainda mais dos nossos antepassados. Aqui no Brasil, o país para completamente para acompanhar os jogos. O chato é quando os 11 escolhidos não fazem o que a torcida quer, logo de cara: gol.
Com a Coreia do Norte, aquele joguinho horrível, inacreditável. Costa do Marfim que me deu até dor de barriga de ansiedade, mas um pouco mais folgado, tranquilo. Portugal, querendo colonizar a gente de novo, mas agora no futebol, conseguiu se defender bem e não marcamos nada. Nem eles. Ontem, o Chile, foi como sempre o Chile. Ganhamos, dois gols logo no primeiro tempo. Lúcio como sempre dando o melhor de si, se doando por completo ao jogo. Alguém sabe me dizer se é a sua última Copa? Normalmente, os jogadores se matam na última.
Agora faltam apenas três jogos para o Hexa, na sexta disputamos as quartas, com a Holanda. Será que vamos fazer suco de laranjas? E o desfile do 2 de julho? O que será dele? Acho que só os jegues vão participar esse ano.

sábado, 26 de junho de 2010

Perfume novo

- Enchendo-se de esperanças vazias, agora quer se agarrar a um futuro bom. Um sonho, uma viagem. Novas ideias surgindo, parece que enfim ela tornara-se uma mulher. Mais determinada, objetiva. Um jeito diferente agora recai sobre sua auréola. Continua com a mesma cara de anjo, o mesmo olhar, o mesmo tom ao falar, a mesma meiguice de sempre, mas algo novo chegou. Ainda é uma transformação sutil para alguns, bombástica para outros, mas essencial para ela.
Se o seu andar é diferente, sua perspectiva de vida também. Agora anda procurando novos rumos, novas estradas, novos sonhos, quer ir atrás de seus objetivos a qualquer custo. Mesmo que seja ainda de maneira precoce, almeja muito mais do que pode ter no momento, além do que é palpável.
Assumir a própria maturidade talvez soe para alguns como, na verdade, infantilidade. Ela não assume esse papel de madura, pelo contrário, insiste ainda em esconder-se no mesmo papel. Não arriscaria a dizer que ela está mais madura, está diferente apenas. Consegue ver o mundo de jeito melhor. Na verdade, tornou-se mais esperançosa mesmo, com relação a si mesma, acredita um pouco mais no que pode fazer. A essência continua a mesma, só mudou um pouco o aroma do perfume.

sexta-feira, 25 de junho de 2010

Eu tive um sonho, vou te contar

- Então que essa história de sonhar é bastante esquisita não é verdade? Repare bem: em pleno sono - momento de inércia total do nosso corpo - conseguimos "viver" de um jeito diferente. Imagens passam por nossa consciência de uma maneira estranha. Por vezes parecem a realidade e outras, temos a plena consciência de que estamos sonhando, mas não conseguimos nos desvencilhar daquele momento. Para Freud, o sonho tem um caráter científico, e o conteúdo do sonho é a realização de desejos. Acho que concordo em parte com Freud, nos sonhos é possível se fazer o que quer, o que se deseja realmente, ou coisas que estejam guardadas no nosso inconsciente.
Andei fazendo pesquisas sobre o assunto e achei aqueles sites que interpretam sonhos. Gente, é impressionante esse tipo de coisa! Teve um mesmo que tinha uma lista em ordem alfabética sobre os sonhos, cada um com sua respectiva explicação. Acho isso engraçado. Quem foi que descobriu cada interpretação? Quem é esse gênio? E quem disse que ele estava certo? Não sei e nem quero saber. Eis que fui procurar uma dessas interpretações.
Sonhei que pintava os cabelos novamente, de luzes loiras. Entrei no site e fui procurar. "Letra C: cabelos". Primeira explicação: "Cabelos - Ver uma cabeleira comprida pressagia vida longa. Se fez tranças com os cabelos significa dívidas. Se a mulher sonha que está com os cabelos revoltos ou soltos, sinal de fuga do marido. Quem sonha com isso pode arriscar a sorte no bicho: vaca". Viram? Tem até conselhos sobre o que apostar! Incrível! Mas eu ainda não estava satisfeita com a previsão, precisava de mais. Então fui na opção "veja outro significado de sonhar com cabelos, clique aqui", e obedeci ao comando. Cliquei. Lá vem mais: "Cabelos: perigo de humilhação, traição por parte de amigos. Dificuldades em geral por um período de sete dias. Na vida: sucesso. No amor: reconhecimento.
Vê-los em abundância: amigos fiéis e desinteressados lhe proporcionarão alegrias inesperadas. Vê-los caindo: medo de perda do libido; invista mais no seu relacionamento. Cabelos curtos: sinal de atraso, indício de negócios mal orientados, cabelos compridos, questões intermitentes principalmente com vizinhos e com tendência para se transformar em judicial, cabelos abundantes, restabelecimento pronto de caso grave. Beijar cabelos, sinal de rompimento de laços amorosos mais fortes. Bonitos ou abundantes: sucesso com o sexo oposto. Despenteados ou curtos: decepções. Perder cabelos: problemas com a saúde ou relutarão Cortá-los: preocupações com dinheiro. Cabelos loiros: lembranças. Castanhos: energia e boa saúde. Ruivo: ciúme e caprichos. Brancos: amor eterno. Grisalhos: nascimento de urna criança".
Ainda não estou muito satisfeita com os significados, não correspondem à minha realidade, ou o que eu espero dela. Vou deixar rolar para ver o que acontece.








segunda-feira, 21 de junho de 2010

Confirmações

Estava ali sentada, sozinha, com as mãos nos olhos, tentando esconder-se de si mesma. Como pôde ser tão vulnerável, tão fora de si? Onde o seu "eu" normal tinha ido parar? Havia morrido? Se escondido? Não sabia ao certo, mas estava arrependida. Queria voltar atrás e ser mais forte, mais dura, mais grossa, e menos meiga. Menos delicada, menos menina. Devia ter sido sensata, ter ouvido a cabeça e não o coração. Então não pôde mais segurar e as lágrimas rolaram por suas mãos. Lembrava de cada instante com arrependimento, nada mais tinha valor. Ela tinha perdido o seu próprio valor, nem mesmo sua coragem, sua vontade existia mais. Perdeu-se no meio do caminho.
Seus pensamentos eram sempre os mesmos "por que eu deixei?", "cadê a minha dignidade?", "eu não tenho mais vontade?". De repente ouviu passos. Inclinou um pouco a cabeça e conseguiu ver duas pernas se aproximando. Conhecia bem aquele andar, sabia onde ele iria chegar, e quais os capítulos estavam por vir. Criou coragem e olhou para cima, encontrando sua fonte de alegria: um sorriso encantador. Seus olhos brilharam e as lágrimas sumiram num piscar de olhos (literalmente). Em menos de dois segundos, teve a certeza de que iria errar de novo, mas que estava certa do que estava fazendo.


sexta-feira, 18 de junho de 2010

Minha ignorância escancarada

- Li poucas linhas de Saramago, admito. Mas preciso dizer que fiquei em estado de choque quando soube da sua morte. Retardatária, só o soube quando cheguei à Redação, pela chamada do jornal na televisão. Sei que bons leitores que se prezam e pessoas consideradas "cultas" devem estar me achando uma das tantas burras da sociedade, que só leem futilidades. Não importa, no momento o que está me tocando é a morte desse magnífico escritor português. Apesar da minha aversão assumida aos nossos colonizadores, me curvo a um dos gênios da literatura portuguesa (ao meu ver). Senti um estranho vazio quando soube de sua morte, percebi que algo estava sendo interrompido. Na verdade, que uma porta estava se fechando, não teremos mais acessos a novas palavras do mestre. Ainda que tenha restado uma obra inédita, inacabada, o que nos resta é nos deliciar com suas obras consagradas, seus longos textos jamais esquecidos. Eu, que sou preconceituosa a pessoas das ciências exatas (não tanto, mas um pouco), admito mais uma vez, que esse mecânico é um gênio. Das letras. Fã assumidas das belas palavras, da boa escrita, da perfeita colocação, do casamento ideal entre acentos, pontos e sílabas, mergulho num lago de tristeza. Estou triste mesmo. Decreto para mim mesma que a partir de agora devo ler todas as linhas dele, cada letra, sílaba, palavra, frase, oração, parágrafo, livros. Enfim, vai em paz, José! Até breve.

Eu luminoso não sou

Eu luminoso não sou. Nem sei que haja
Um poço mais remoto, e habitado
De cegas criaturas, de histórias e assombros.
Se, no fundo poço, que é o mundo
Secreto e intratável das águas interiores,
Uma roda de céu ondulando se alarga,
Digamos que é o mar: como o rápido canto
Ou apenas o eco, desenha no vazio irrespirável
O movimento de asas. O musgo é um silêncio,
E as cobras-d'água dobram rugas no céu,
Enquanto, devagar, as aves se recolhem.

(in PROVAVELMENTE ALEGRIA, Editorial CAMINHO, Lisboa, 1985, 3ª Edição)

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Borocoxô

- Do nada fiquei assim. Mas a noite trouxe revelações e tudo ficou bastante claro. O motivo? O mesmo de sempre.

terça-feira, 15 de junho de 2010

Verde-amarelo-azul-branco

- As ruas das cidades brasileiras não estão apenas enfeitadas de verde e amarelo. Por trás das roupas, das fitinhas verdes e amarelas penduradas nos postes, dos meios-fios pintados e até mesmo casas verdes e amarelas, existe um sentimento único, que só existe na Copa. Tudo bem é que super clichê falar sobre esse clima que envolve o povo durante essa época, mas eu não podia deixar passar isso em branco. É realmente incrível como tudo se transforma nos tempos de Copa. No domingo mesmo, eu fui na Le Biscuit, e gente, o que era aquilo? Parecia que já era o jogo do Brasil. Todo mundo cheio de coisas nas mãos: perucas, camisetas, chapéus, e os vendedores apitando coisas irritantes, gritando, uma coisa MARAVILHOSA! ¬¬
A mobilização hoje na cidade toda para ver o jogo então, nem se fala! Não sei se por conta dos engarrafamentos que aumentaram consideravelmente em quatro anos, mas esse ano, achei que o povo em si, estava mais mobilizado, mais esperançoso, mais crente na vitória.
O que ninguém esperava era assistir a um jogo tão amarrado e sem gols no 1º tempo. Afinal, o Brasil estava jogando contra a Coréia, isso aí, Coréia! Verdade que para mim, foi bastante complicado aguentar tanta emoção, mas tive que me conter, eu tava na redação, não ia poder dar meus gritos. Passei a manhã inteira na expectativa do jogo, um grande acontecimento para mim. Meu coração estava a mil, sempre fico assim nas Copas, e a cada jogo, me torno mais brasileira, mais entendida do assunto...
Eu, como boa brasileira que sou, me torno comentarista nata dos jogos do Brasil. Dou palpites, critico, elogio, sofro, grito, choro, pulo. Enfim, faço tudo que tenho direito. É mais forte do que eu. Agora, depois de tantas emoções, só com a Coréia, é esperar a Costa do Marfim no domingo, ai Jesus!

segunda-feira, 14 de junho de 2010

I said "hei! What's going on?"

É apenas uma nova renovação na minha vida. Hoje, resolvi declarar o início de mais uma etapa. Não sei bem, mas quis mudar e cá estou eu. As mudanças vêm aos poucos, é claro. Resolvi começar pelo blog, já é um bom começo partindo da ideia de que ele é uma extensão dos meus pensamentos. Ou seja, blog novo, novas ideias, novos pensamentos, novos conceitos.
Aí eu estava ouvindo rádio como todas as noites e percebi que essa era bem ideal para o momento, tipo "what's going on" comigo? Com o mundo? Com tudo ao meu redor? Aproveito sempre esses meus momentos de reflexão, de algum jeito sempre me transformo, percebo coisas diferentes que me modificaram, que me modificam, é bem interessante. Então, essa noite, percebi que certas coisas não me machucam mais, não me magoam mais, simplesmente me acostumei com certas pancadas que levei, e agora, as que seguem o mesmo gênero não me incomodam. Lembra da música "um elefante incomoda muita gente, dois elefantes incomodam, três elefantes incomodam incomodam muito mais"? Pois é, quatro elefantes não estão fazendo a menor diferença em minha vida. Chega de elefantes, cansei deles.

A música é bem velha,  mas traduz o meu agora, até mesmo essa cara de rebelde aí.

sábado, 12 de junho de 2010

Valentine's Day

- A gente vai fazer o quê? A gente vai pra onde?
- Ah! Que ótimo, para fechar com chave de ouro...
- Eu queria cantar, bora?

"Eu sei, tudo pode acontecer
Eu sei, nosso amor não vai morrer
Vou pedir aos céus, você aqui comigo
Vou jogar no mar, flores pra te encontrar

Não sei porque você disse adeus
Guardei o beijo que você me deu

Vou pedir aos céus, você aqui comigo
Vou jogar no mar, flores pra te encontrar

You say good-bye, and I say hello
You say good-bye, and I say hello

Não sei porque você disse adeus
Guardei o beijo que você me deu..."

É...

sábado, 5 de junho de 2010

Debaixo do tapete

- Eu lembro de todos os instantes. Cada vez que respirei, cada suspiro que eu dei. De todas as vezes que meu coração ficou sem saber o que fazer, se batia, ou se parava.
Eu lembro de cada lágrima que derramei, e também das que provoquei. Dos sorrisos escancarados, dos tímidos, disfarçados. Dos olhares, os primeiros, os últimos ainda apaixonados.
Eu lembro da harmonia, dos pensamentos cruzados. Das mãos entrelaçadas, das almas ligadas. Das vozes descompensadas em cada irritação, das tristezes escondidas e escolhidas.
Eu lembro dos arrependimentos, das desculpas. Da vontade de explodir, de gritar. Da certeza de se transformar, de querer enfrentar.
Eu lembro que me enganei, que te enganei. Que você se fez e me desfez. Que te escolhi, te recolhi e me encolhi. Que te abriguei, e te deixei sem teto.
Eu lembro do brilho dos olhos. Do encanto. Da sensação de estar vivendo bem, de ser feliz. Dos planos, dos desencontros. De tanta coisa, que eu queria esquecer, mas sempre volta à minha cabeça.
Eu lembro que eu quis ficar e você foi embora. E lembro que agora, você quis ficar, mas eu já tinha ido. Eu sei que prometi me guardar, me esconder, mas eu precisava dizer que eu ainda "Marisa Monte".