sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Invade e fim


Desde outubro a cidade já se enfeitava para o Natal. Luzes, árvores, papais noéis espalhados por todo canto. Novembro chegou e começaram as "promoções" para você garantir os presentes para toda a família! Em dezembro, vem o clima de confraternização. O incrível é que não há quem não se contagie por essa energia, a menos que esteja vivendo um período difícil, como já tive em alguns natais. Enfim, antes mesmo do Natal passar, começa a agonia pelo Ano Novo. 
Quais as cores para usar na hora da virada? O que será que vai acontecer? Como vai ser o mundo na segunda década do século XXI? É, já foi uma década. Para quem achava que o mundo ia acabar em 2000, até que vivemos bastante hein? A previsão agora para o fim dos tempos é 2012. Será que rola ter mais 10 anos de vida pela frente? Não sei, nem as cartomantes e outros especialistas em adivinhar o futuro se arriscaram a falar...
Além das metas para o ano que chega, vem aquele momento nostálgico sobre tudo que aconteceu este ano. Uma retrospectiva não apenas dos fatos do mundo, mas de tudo que aconteceu na vida de cada um. Todas as mudanças, as surpresas, frustrações, transformações. Enfim, tudo que aconteceu e às vezes a gente nem lembra mais.
Pois bem, fui inventar de fazer isso nas últimas semanas, foi bastante complicado. Primeiro porque eu não conseguia lembrar nem da roupa que eu estava usando no réveillon passado, quanto mais das coisas do início do ano. Lembro vagamente de algumas... Na verdade, fica um resumo de tudo que aconteceu de importante para mim. Agradável ou não, está tudo aqui, na minha cabeça. Acho que ninguém consegue fazer uma previsão exata de como estará exatamente daqui a um ano, porque sempre acontece algo de surpreendente e é aí que está a graça da vida.
Há um ano, eu realmente não imaginava que estaria onde estou e que alcançaria o meu objetivo de uma maneira tão avassaladora. Tudo bem que eu não consegui todos, mas até o que ainda não era meta, chegou. então, demos glória! Tudo bem que eu também não imaginava que seriam precisos tantos sacrifícios... Mas é uma questão de superá-los e seguir em frente. Vamos lá, é hora de jogar as cartas na mesa...
Eu imaginei que este ano eu seria feliz, mas não tanto quanto fui. Eu esperava conhecer pessoas especiais, mas não tanto quanto as que conheci. Eu esperava sofrer menos, e não tanto quanto sofri. Eu esperava gostar mais das pessoas, mas não deu tempo. Eu esperava ter mais tempo para sair e ver o Sol, mas sempre que eu tinha folga, chovia. Eu esperava ter menos espinhas, mas parece que atraí todas elas, cada vez mais perto. Eu esperava menos falsidade de algumas pessoas e mais falsidade em outras, mas os papéis se inverteram e tive até algumas boas surpresas.
Eu esperava ler todos o livro que tinha na cabeceira da minha cama, mas a pilha chegou a quase 10 e eu li metade deles todos. Eu esperava gastar menos dinheiro com comida e conseguir comprar mais roupas, mas eu continuei ficando louca por um pãozinho de queijo ou uma torta de chocolate na faculdade e lá ia meu dindin querido. Eu imaginei que fosse mais à praia, mas vou começar o ano novo com meu bronzeado de lua de sempre. Eu REALMENTE achei que tinha conseguir minha habilitação esse ano, mas mais uma vez, só fiz a parte teórica, agora são sete meses de luta para eu consiga. Eu esperava que as músicas de pagode fosse menos agressivas, mas na semana retrasada eu descobri que existe coisas do tipo "adestrador e cachorrinha". 
Eu não esperava que fosse trabalhar tanto e gostar de disso, mas enfim, achei meu rumo e em 95% do dia eu estou feliz no jornalismo. Eu não esperava ter tantas decepções com o "fazer jornalismo", como tive. Eu não esperava ficar tão obcecada pela perfeição, como fiquei. Eu não esperava cortar tanto o cabelo como cortei, mas todas as vezes me senti renovada. Eu não esperava conversar com tantos desconhecidos como conversei. Eu não esperava entrevistar uma criança drogada, uma prostituta e crianças felizes soltando pipa, como eu fiz.
Eu não esperava que ia amadurecer tanto em tão pouco tempo e começar a ver que certas atitudes de um passado tão recente foram tão imaturas e tão adequadas à minha idade. Eu não imaginava descobrir que sou tão responsável, como eu descobri que sou e nem passava pela minha cabeça sofrer por causa disso. Eu não lembrava que ia completar 20 anos de existência, e ainda sim, nada pôde evitar que isso acontecesse (graças a Deus!!!). Pois bem, este é mais ou menos o resumo do meu 2010, 2011 vem aí e sabe Deus de onde eu vou estar escrevendo o último post do ano, afinal, pelas minhas contas, estarei em outros oceanos.

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Conversa de foca

*Antes de mais nada, que fique bem claro aos que não são do jornalismo, que foca é jornalista iniciante, ok?

– Caminho para os oito meses e ando bastante enjoada. Diria que estou em um dos momentos mais difíceis e arriscados, os sete meses. Embora pareça uma gestação, e digamos que seja mesmo, aos nove meses ainda não será o momento para dar a luz a esta nova criança. Este ser, no caso, serei eu mesma, daqui a um tempo: uma boa jornalista. Há quem acredite que ser jornalista é bem fácil. Seria bastante clichê falar que a profissão não corresponde a essa falácia e que não traz nenhum glamour. Esse discurso é fácil de ouvir de qualquer jornalista por aí, do pior ao mais bem-sucedido. Não, eu não quero falar disso.
Da minha redação sobre a mulher, que me fez passar no vestibular para jornalismo há dois anos, até hoje muitas coisas mudaram. Até porque redação de vestibular é um fórmula. Introdução + desenvolvimento 1 (primeiro argumento) + desenvolvimento 2 (segundo argumento) + conclusão. Tudo bem que no jornalismo a gente também deve seguir o modelo da pirâmide invertida, o lead e tal. Mas é diferente. Em alguns casos, dá para fazer um texto leve, bacana e que dê vontade de ler. Aí está o meu grande drama no último mês. Escrever um texto legal, que não seja óbvio e que não tenha um início quadrado. Não é fácil. 
Escrever sempre foi meu grande prazer, minha grande torta de chocolate com morango. Mas nos últimos tempos parece que o chocolate está hidrogenado e o morango, bem azedinho. Desde que mudei de editoria, tenho me esforçando ainda mais para escrever bem. Tem gente que diz que eu escrevo bem, que sei me expressar e tal, mas daí para que eu ache o mesmo é um abismo. Bem grande, daqueles que a gente não vê o que tem lá embaixo. 
Enfim, tenho maneiras diferentes para fazer meu lead. Depois de algum tempo no jornal, consegui tirar o padrão de assessoria que eu tinha e o texto ficou um pouco melhor, mas ainda quadrado. Às vezes, eu quero deixar mais leve, extrapolo e a matéria fica parecendo um diário. Apago tudo e começo de novo. E de novo e de novo. Infelizmente, nas últimas semanas eu não tive tanto tempo para ficar apagando e escrevendo de novo. Meus deadlines estavam devidamente misturados e curtíssimos. Resultado: textos sem graça. Melhor dizendo: previsíveis. Eu não gosto de ser previsível. Eu não gosto de começar uma matéria de um assunto que todo mundo sabe, do mesmo jeito que todo mundo escreve.
É aí que entra a minha paixão pelo jornalismo. A minha crença que me leva a buscar algo legal para mostrar às pessoas. Algo que seja pouco divulgado. Mas quando isso é meio que impossível – se temos que falar da volta do feriadão, ou que os itens da ceia de Natal estão mais caros, como todo ano –, busco um jeito diferente de fazê-lo. Ter uma boa história para contar. Jornalismo é contar histórias. Os fatos de um jeito que nós temos que construir. Lapidar e deixá-lo de um jeito compreensível para todo mundo.
A minha conversa está bem coisa de foca mesmo. Com toda essa utopia de fazer "jornalismo de verdade" e conseguir transformar alguma coisa nesse mundo com ele. É porque ele me encantou. Esse ser que cresce em mim desde que passei no vestibular é um grande amor. Quase igual ao materno. É o jornalismo brotando em mim, e o ser que vai nascer, sou eu mesma, só que jornalista. Enquanto ele não nasce totalmente, eu vou cuidando dele e ele, de mim.



segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Do pouco que eu sei

Eu estou estranha. Mudada, transformada e confusa. Mais uma vez. Na verdade, eu tô é mais velha...