terça-feira, 19 de outubro de 2010

Reencontro

- Porque é sempre do mesmo jeito. As coisas acontecem da mesma maneira e eu sempre ajo igual também. Cansada de correr na direção contrária, vou desistindo no caminho e tropeçando em algumas pedras que insistem em me importunar. A vontade agora é de sair correndo, em busca do nada, do ninguém. Já estou correndo e não consigo parar. Do meu lado passam algumas árvores, que agora são apenas vultos verdes. No meu pensamento, coisas como: "eu não sei viver só", "eu não vou deixar isso acontecer de novo" e "vou deixar de ser desse jeito".
Agora, nada mais importa, só consigo sentir o vento jogando o meu cabelo para trás. Ainda tenho uma angústia no meu peito. A memória cruel me faz lembrar do sofrimento de 1 ano atrás e aquelas imagens não conseguem sair da minha cabeça. Lágrimas, tristeza e impotência. Eu estava só. Triste e só. Medo. Medo. Medo. As imagens agora passam ro-dan-do, como em uma ci-ran-da. E todas as pessoas são iguais. Todas têm meu rosto, meus sentimentos, minhas sensações. Eu ainda estou correndo e agora, um pouco tonta com tanta gente ro-dan-do, tantos pensamentos desencontrados. É impossível não chorar. Estou chorando. Não quero mais. Me liberte. Me leve para longe. Não me deixe mais só. Eu não quero ficar sozinha de novo. Agora eu estou só. Parei de rodar e estou só. Estou tonta, o mundo está girando. Acho que vou cair. Estou em um abismo e eu não sei parar de cair. O chão não chega nunca. O vento é brutal e me sacode forte. Eu quero voltar. Quero subir. Quero ir para casa.
Estou vendo você. Segura a minha mão? Você passou direto. Está escuro, mas há um brilho que me cega. "Hoje, no universo, nada que brilha cega mais que o seu nome". Eu não consigo mais enxergar, mas eu ainda vejo você. Você está de branco, linda como sempre. Ainda tem o cheiro de vó. Você está me vendo e eu não consigo parar de chorar. Eu estou voltando. Estou subindo e suas mãos agora me carregam, me ajudam a levantar. Minhas lágrimas viraram chuva. Algumas flores estão nascendo. É primavera. Voltamos ao jardim. Eu estou correndo novamente e não quero soltar a sua mão. Eu não quero te perder de novo. Eu sinto tanto a sua falta.
O mundo mudou desde que você se foi. Parece que tudo está errado, as coisas se inverteram, não sei. Eu nem sei mais quem eu sou, não sei mais me ver no espelho. Eu não sei me ver. Não solte a minha mão. Eu não consigo correr tão rápido assim. Você está indo embora de novo. O Sol está indo embora também. Eu caí no chão, o mundo voltou a rodar. Está chovendo ou sou eu que estou chorando? Não me deixe.

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